Os resultados auxiliarão no planejamento de ações dos profissionais e equipes de saúde bucal para os próximos anos, no município.
O levantamento das condições de saúde bucal dos alunos da rede pública de ensino foi realizado pelo curso de Odontologia da UCEFF em parceria com a Gerência de Saúde Bucal e a Secretaria Municipal de Saúde de Chapecó. As atividades tiveram início em 2023 e foram concluídas em 2024 e contou com a participação ativa dos acadêmicos de odontologia, sob a supervisão da disciplina de Estágio em Saúde Coletiva.
O professor Msc. Igor Greik Agnoletto, acompanhou os alunos durante a disciplina e também desenvolveu a coleta dos dados do relatório. No início da disciplina os alunos receberam um treinamento com a metodologia do SB Brasil 2020 e Manuais da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Todo o sistema de calibração dos alunos, treinamento de interpretação dos exames, para que não houvesse discrepância entre os resultados, até mesmo o tratamento dos dados coletados, foram todos baseados no Projeto SB Brasil 2020, que é o grande levantamento de saúde bucal nacional”, salienta o professor.
Igor salienta o papel fundamental que a parceria entre a instituição e a gestão municipal gerou. “A prefeitura entrou com os insumos, com os campos para levantamento de dados e ajudou muito na logística e deslocamento. Além de ceder profissionais para supervisionar os levantamentos”.
O Secretário de Saúde de Chapecó, João Lenz, destaca que os dados servem como matéria-prima para os profissionais montarem a estratégia de atuação para os próximos anos. “Com conhecimento desses resultados, os profissionais podem melhorar o planejamento, para 2025, das ações de prevenção e promoção em Saúde nos territórios em que atuam”.
Coleta de dados
Os acadêmicos do curso de Odontologia estavam no nono semestre, quando realizaram a disciplina de estágio em Saúde Coletiva. E foram divididos em duplas, para realizar a coleta de dado e examinar a saúde bucal das crianças e jovens.
Para o levantamento, foram selecionados alunos de cinco anos e de 12 anos, das escolas municipais de Chapecó. O professor Igor, salienta que com essa amostra, puderam analisar a condição da dentição decídua, dentes de leite, e a condição dos dentes permanentes deste público. Também foram avaliadas: gengivite, condição periodontal e lesões em tecidos moles orais.
Para a coleta de dados, foi setorizado as escolas do perímetro urbano, entre: norte, sul, leste, oeste e centro. Igor elucida como foi feita a escolha das escolas. “Dentro de cada região, nós sorteamos as escolas, de maneira aleatória, e dentro das escolas nós sorteamos os alunos que iam participar do estudo. Para que o estudo não tivesse a interferência de nenhum viés”.
Conforme a solicitação da secretária de saúde de Chapecó, todas as escolas do perímetro rural participaram do estudo. O professor salienta, “que todas as escolas que tinham alunos entre cinco e 12 anos participaram do levantamento”.
Júlia Picoli foi uma das alunas que participou da coleta de dados do levantamento, sendo escalada para trabalhar no interior do município. Formada há um ano, a profissional salienta que foi uma experiência importante para a sua vida.
“Foi uma vivência única! O contato direto com as crianças me permitiu conhecer diversas realidades dentro do município, o que enriqueceu muito minha visão sobre a saúde bucal infantil”, salienta Júlia.
A cirurgiã dentista complementa: “Tenho certeza de que este projeto será fundamental para promover melhorias contínuas na saúde bucal das crianças e contribuirá para garantir mais qualidade de vida a elas no futuro”, finaliza.
Panorama geral dos dados obtidos
A pesquisa teve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UCEFF e todos os exames foram realizados mediante autorização escrita e assinada por pais e/ou responsáveis pelas crianças.
Ao todo, foram examinadas um total de 825 crianças. Entre elas, 392 crianças com cinco anos e 433 crianças com 12 anos. Conforme salienta o professor Igor, as condições e gravidade de cárie variou entre as regiões do município e conforme idade dos escolares.
“Aos 05 de idade, foram encontrados, em média, 2,34 dentes afetados por cárie, já aos 12 anos, essa média baixou para 1,29 afetados pela cárie por criança avaliada. De maneira geral, uma a cada duas crianças avaliadas apresentou algum dente afetado por cárie dental”, explica o professor.
Dimensões socioeconômicas e contextuais também foram investigadas pela distribuição de um questionário direcionado às famílias: “Foi distribuído para as famílias um questionário socioeconômico, porque o objetivo, além de levantar as informações da saúde bucal, é relacionar essas condições com fatores sociais e econômicos, nos contextos que estas crianças estão inseridas”, finaliza o professor.